sábado, 2 de julho de 2011

Mais um golpe na qualidade da educação pública (ENEM x UFRJ)

Mais uma vez, alunos e professores do Estado do RJ foram surpreendidos com mais um equivoco dos dirigentes da educação de nosso país.
“A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) decidiu nesta quinta-feira (30) que irá oferecer 100% das vagas do vestibular 2012 pelas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2011. Os estudantes terão de se inscrever no Sistema de Seleção Unificada (SiSU) para concorrer as vagas.A decisão foi tomada pelo Conselho Universitário, com proposta do reitor Aloísio Teixeira. Participaram da reunião representantes de professores, alunos e servidores. Do total de vagas, 30% serão destinadas para alunos de escolas públicas. Mas desde que a renda per capita familiar não ultrapasse um salário mínimo (R$ 545).”
Vejamos o primeiro grande equívoco. Esta decisão foi tomada no dia 30 de junho, o ENEM será realizado nos dias 22 e 23 de outubro. Os professores e alunos começaram a se preparar em março ou até em fevereiro. A regra do jogo foi alterada durante o jogo. Os cursinhos, os colégios, os professores e os alunos, todos já traçaram suas estratégias, seus objetivos e metas. E agora? Mais uma vez os profissionais da educação são surpreendidos com decisões de última hora e mais uma vez o aluno (o principal prejudicado) é desrespeitado.
Analisemos o segundo absurdo. O vestibular da UFRJ era um dos vestibulares mais completos e bem elaborados do país. O vestibular da UFRJ era há 2 anos atrás composto apenas por provas discursivas. A prova discursiva além de não permitir o “chute”, verifica qual aluno está mais bem preparado quanto ao domínio do conteúdo e quanto à capacidade de expressar suas idéias e organizar seu raciocínio. O domínio de todo o conteúdo é fundamental uma vez que o aluno não tem o recurso das alternativas para ajudar a memória.
Além de tudo, a prova discursiva é a única maneira de avaliar se alunos tem ou não conhecimentos específicos que são pré-requisitos para o ingresso em determinados cursos. Por exemplo, para ingressar em um curso de engenharia, o estudante precisa conhecer uma função do 1º grau, função do 2º grau, uma PA, uma PG, Geometria Plana e Geometria Espacial. O estudante pode ser muito bom em história e geografia, pode ser ótimo em Literatura e fazer excelentes redações, porém se ele não souber bem matemática, não será um bom engenheiro. Resumindo, o ENEM seleciona o bom aluno no geral, porém ele não consegue identificar o bom aluno em uma determinada área.
Toda vez em nosso país que se fala em democratização do Ensino Superior, se fala em facilitar, em cotas, em bônus, mas nunca falam em investir pesado na Educação Básica. O desafio é democratizar sem baixar o nível de conhecimento, democratizar sem diminuir a qualidade. A verdadeira democratização do acesso ao Ensino Superior só ocorrerá quando todos os estudantes tiverem acesso ao Ensino Fundamental e Médio de alto nível e alta qualidade. E desta forma, todos em igualdade de condições disputarão uma vaga na Universidade Pública Gratuita e de Qualidade.

Tulio

7 comentários:

  1. Totalmente de acordo! Seu texto expressa toda a indignação que milhares de alunos devem estar sentindo.. Como sempre eles decidem as coisas de ultima hora e no final os prejudicados somos nós!

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  2. Tulio, você como sempre faz as perguntas certas para as questões relacionadas a educação. Totalmente apoiado. No entanto, sabemos que enquanto os tubarões do ensino privado estiverem se auto-representando nas Assembleias legislativas do nosso país, continuaremos a assistir decisões equivocadas em relação ao ensino público.

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  3. Túlio, n tem como n concordar.
    Nem precisamos nos sentir indignados, apunhalados para percebermos que algo n anda mto bem.
    Infelizmente, a anos, milhares de pessoas teimam em acreditar que universidade publica democratica é aquela que abre um buraco no muro para que alguns alunos furem fila.
    Todos nós devemos e podemos ter uma educação de qualidade.
    Mas por que só considerar o ensino superior? A escola básica n serve para nada?

    Bjos,

    karla pêpe

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  4. Até tu, UFRJ, uma das maiores universidades do país?

    Excelentes colocações, Túlio. Vemos até que ponto a Universidade tem que se submeter p/ conseguir recursos do governo federal. Lembrando, a propósito ou não, mas existia uma meta de que todas as federais ficassem à mercê do ENEM.

    Um grande abraço,

    Mônica.

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  5. ao Professor Mestre Engenheiro Tulio ..
    essa decisão sugere um entendimento de que a excelência provoca exclusão ..
    no caso da UFRJ parece que houve uma mudança de foco nas metas de atendimento aos desejos da sociedade em geral ..
    AL-BR-aço com e-nergia

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