sábado, 13 de fevereiro de 2010

“Mestres e Doutores disputando uma vaga de gari” – Verdade ou mentira?

Recentemente um fenômeno curioso ocorreu. O concurso público para a seleção de 1.400 garis para a cidade do Rio de Janeiro atraiu 45 candidatos com doutorado, 22 com mestrado, 1.026 com nível superior completo e 3.180 com superior incompleto, segundo a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana). Pode parecer um absurdo, mas isto pode ser facilmente explicado com base no raciocínio abaixo:
Hoje em dia o mercado de trabalho exige dos nossos jovens um grau de capacitação e qualificação cada vez maior. Hoje, para estar bem inserido no mercado de trabalho, é fundamental um curso superior completo. Então se cria a impressão (falsa) de que qualquer curso superior completo garante um emprego. Mas, será que todo jovem que possui ensino superior completo está inserido no mercado de trabalho? Claro que não!
No Brasil, na atualidade, o ensino superior é dividido em instituições públicas e privadas. Para ingressar numa instituição pública o aluno deve passar por um exame de seleção onde este aluno é submetido a avaliações sobre conteúdos abordados no Ensino Médio. Estes conteúdos são pré-requisitos para o ingresso em um curso superior. Portanto o aluno que passa pelo vestibular de uma instituição pública é um estudante que possui os pré-requisitos básicos para cursar a graduação numa instituição de ensino superior.
Em contrapartida, muitos não conseguem passar pelo vestibular! Estes alunos acabam se matriculando na rede particular de ensino superior. Pois a prova de seleção para o ingresso nestas instituições é muito mais fácil do que o vestibular das IPES. Por isso estes alunos que não têm os pré-requisitos básicos acabam ingressando em um curso superior. Ao longo do curso em uma universidade privada o aluno é aprovado com facilidade em todas as disciplinas, pois a universidade privada tem fim comercial, lucrativo, esta é famosa mercantilização da educação. Aluno aprovado é aluno que paga mensalidade, esta é a lógica mercantilista. Isto ocorre na maioria das universidades privadas.
O grande resultado disso tudo é que diversos jovens se sacrificam para pagar um curso superior privado e no fim das contas, o diploma não garante uma vaga no mercado de trabalho. Hoje, profissionais que não possuem conhecimentos básicos em suas respectivas áreas estão tentando se inserir no mercado de trabalho e claro não conseguem. Claro que isso não é geral, existem algumas raras exceções. Mas na maioria das vezes o procedimento é este!
A solução seria um maior rigor na fiscalização dos cursos de Ensino Superior e uma padronização das avaliações tanto para ingressar na graduação bem como ao longo do curso! Mas isso vai de encontro a poderosos interesses dos “tubarões” do Ensino Privado que não se cansam de ganhar rios e rios de dinheiro vendendo cursos de qualidade duvidosa para alunos com baixo nível de conhecimento e, por conseguinte formando profissionais que não têm condições de exercer a profissão. E que depois de anos e anos de “estudos” disputam uma vaga de gari, com todo respeito aos garis!